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FAQ da Experiência Psicodélica
por Gnosis and Nipo
Tradutor: ExPoro
v 1.1 - Jan 20, 1996
v 1.1-pt - Jan 10, 2016
Erowid Note: This FAQ was not authored by Erowid. It may include out-of-date and/or incorrect information. Please check the version date to see when it was most recently revised. It appears on Erowid as part of our historical archives. For current information, see Erowid's summary pages in the substance's main vault.
Tradução integral do texto “The Psychedelic Experience FAQ”, localizado no site da Erowid. O texto data do ano de 1995, podendo conter informações desatualizadas ou incorretas. Para informações atualizadas, verifique na seção própria do Erowid sobre a substância.

Não adicionamos comentários, atualizações nem suprimimos nada do texto original. Ele foi puro e simplesmente traduzido, como encontrado à data da publicação desta tradução. Apenas alguns erros evidentes de digitação e sintaxe foram corrigidos.

Tradutor: ExPoro, membro da comunidade Cogumelos Mágicos, o maior fórum brasileiro sobre cogumelos psilocibinos. Esta tradução foi originalmente publicada em Maio de 2015, em Cogumelos Mágicos.

Obrigado e boa leitura!

Por :
Gnosis e Nipo(autores)
ExPoro (tradução)
Erowid(HTML e formatação)


Obrigado para: :
Timothy Leary, Ph.D.(por escreverem "The Psychedelic
Ralph Metzner, Ph.D.Experience")
Richard Alpert, Ph.D.
Bob Wallace(por muitos comentários)
a lista de e-mails Visionary Plants
todos os internautas anônimos que adicionaram ou corrigiram informações


Este documento em outros idiomas:
English, Finnish, Hungarian - Daath.hu

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ÍNDICE





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1. Isenção de responsabilidade
Esse FAQ é trazido apenas para fins informativos. Não defendemos qualquer tipo de atividade ilegal. No entanto, nós realmente acreditamos no direito ao livre acesso a informações e ideias. Por fim, recomendamos enfaticamente que se informe sobre a legislação aplicável a você sobre o assunto.

2. Introdução
Muito se escreveu sobre as variedades de experiência psicodélica, e há alguns materiais excelentes pela internet, como a tradução de 200K do Psychedelic Experience, mencionada abaixo. Em tempo, não há arquivo que prepare o psiconauta de primeira viagem ou cubra a experiência de um ponto de vista compreensível para pessoas que não viajaram anteriormente. Esse FAQ é uma tentativa de criar esse tipo de compilação.

Esse arquivo originalmente veio da FAQ sobre Psilocybe Mushroom, que incluía uma série de informações que se tornaram aplicáveis para todas as substâncias psicodélicas, não apenas cogumelos. Além disso, nós separamos os pedaços aplicáveis e os expandimos quando necessário nesse texto. Como antes, "nós" e "eu" alternam ao acaso entre os autores e seus assistentes.

Esse arquivo é dividido em 5 partes principais. As partes 3 a 5 (Antes, Durante e Depois) descrevem a preparação para a viagem, a viagem em si mesma e os efeitos posteriores ao fim dela. A parte 6 traz conselhos extras para o psiconauta de primeira viagem. A parte 7 dá mais orientações para o guia de primeira viagem.

Um Suplemento para Doses Altas [HDS do Inglês High Dose Supplement] a esta FAQ será publicado em data posterior, com o propósito de dar informações adicionais aos exploradores de doses altas.

Comentários e críticas são bem-vindos, como sempre. Curta o seu voo.

3. Antes
Todos os aspectos da preparação pra viagem, mental ou não.

3a. Escolha da substância
De longe, as drogas psicodélicas mais populares são LSD e cogumelos. Cannabis, apesar de psicodélica em algum sentido, não o é na mesma magnitude dos reais alucinógenos, ao menos em doses normais. Isso de fato é um caminho para demonstrar ao usuário de álcool/nicotina/café que nem todas as drogas botam a pessoa pra baixo. MDMA é uma classe própria, mas muito do que está escrito aqui é aplicável. No entanto, ao menos do jeito que é comumente usado, tende a não ser uma experiência de expansão da mente, e sim de êxtase físico (o trocadilho é proposital). Existem também, é claro, DMT, 2C-B e outras substâncias famosas; mas a pessoa mediana não costuma chegar nelas. Mais informação sobre elas no HDS.

Para o iniciante sortudo o suficiente para ter uma escolha, eu recomendo cogumelos. Uma viagem de cogumelo dura cerca de 6 horas, enquanto o LSD pode durar por até 12 horas; e essas 6 horas extras são normalmente tempo demais, principalmente para psiconautas estreantes. No entanto, algumas pessoas pensam que LSD é um psicodélico mais "positivo" ou "pra cima" que o cogumelo, mas isso depende do seu humor. Pessoalmente, eu acho que a curta duração é mais importante, até porque primeiras viagens ruins são extremamente raras.

Deve-se visar uma dosagem baixa. Afinal, você sempre pode aumentar a dosagem na próxima vez, mas não pode diminuir uma bad trip. No mercado negro é mais difícil estimar a força da dose, então ter um viajante experiente para experimentar o que será usado é uma boa ideia. Veja as FAQs de dosagem para informação mais precisa. Especialmente com LSD, não caia na armadilha que "nada está acontecendo, acho que tenho que tomar mais", depois de ingerir a primeira dose. Espere pelo menos uma hora com psilocibina (cogumelo) e pelo menos duas horas com LSD antes de tomar mais para aumentar o efeito.

Entretanto, nas palavras de Dave Gross:
Mas também não muito pouco. A primeira viagem é importante, e parece ter mais potencial quando no primeiro encontro com o reino da psicodelia. Na minha opinião, pode ser bom que a primeira viagem seja poderosa (ou seja, mergulhar ao invés de andar sobre as águas). Existem duas considerações: reduza a possibilidade e severidade de uma potencial bad trip, e aumente o poder e a intensidade desconcertante de uma good trip. Ambos são importantes. Se segurança fosse a preocupação principal, a pessoa não estaria considerando usar uma substância eventualmente ilegal e que joga com sua mente em primeiro lugar. Existe a necessidade de uma balança entre conservadorismo seguro ("como viajar com segurança") e entusiasmo ("como ver Deus, ser Deus e fazer Deus obsoleto enquanto ouço Pink Floyd").


3b. Escolha da companhia
As dinâmicas do grupo escolhido para a viagem são cruciais. Vamos considerar alguns aspectos, um por vez:

Tipos de Amigos
Para citar um texto anônimo que descreve a escolha de companhias de viagem de forma brilhante:

"Escolha alguém com disposição para ouvir você cantando a mesma canção repetidamente e repetidamente, desafinado e com a letra errada. Alguém com quem você não se incomode de te ver, e que também não se incomode de te ver engraçado, rindo, chorando, se mijando de medo, falando com Deus, etc. Alguém que irá segurar as suas mãos enquanto você faz cocô para evitar que você caia na privada e desça pela descarga. Alguém, talvez, um pouco mais forte fisicamente que você.

Definitivamente, alguém que já viajou antes, mais de uma vez. Alguém que tem histórias pra contar, e outras que jamais contaria. Alguém que leve isso a sério, mas ainda tenha senso de humor.

Definitivamente alguém com algum grau de compaixão e, com certeza, sabedoria.

Definitivamente, alguém que não vai deixá-lo sozinho, nem por um segundo.

Se você escolher alguém com quem possa transar, tenha certeza de que ele(ela/s) vai aceitar um amante desajeitado e cheio de risadinhas; e que ele(ela/s) não ficará ofendido(a) se você não conseguir manter uma performance ou esquecer totalmente da transa! Alguém que possa ficar calmo e te manter calmo se você ficar mandão.

Se você achar alguém que cumpra todos esses critérios, considere um casamento. Tente ser merecedor”.

Tamanho do Grupo
Viajar sozinho, especialmente para o iniciante, é de certa forma tolice. Existem dois fatores em selecionar o tamanho do grupo. Primeiro, para pessoas inexperientes, ter vários amigos presentes vai reduzir a chance de alguém entrar em pânico. No entanto, enquanto o tamanho do grupo aumenta geometricamente, as tensões e conflitos dentro dele aumentam exponencialmente, gerando uma atmosfera tensa e aumentando a possibilidade de bad trips. Números pares também são preferíveis, pois se/quando o grupo se partir em pares não deixará ninguém de fora, o que seria chato.

Assim, recomendamos o tamanho total do grupo da seguinte forma:
Todos são inexperientes: 3-4
Uma pessoa inexperiente: 2-3
Todos são experientes : 2

Um guia experiente, como um terapeuta ou xamã, pode às vezes trabalhar com um grupo maior, como 8 a 16 pessoas. Mas normalmente todos os envolvidos têm pelo menos alguma experiência.

Confiança no Grupo
Essa é provavelmente a característica mais importante. Se você confia nas pessoas com quem está viajando junto, você se sentirá à vontade com elas durante a viagem e pode usar o tempo de forma mais produtiva, ao invés de ficar se perguntando com os motivos ocultos das pessoas presentes. Ser capaz de confiar no julgamento do guia é especialmente importante, então.

Problemas de Gênero
Viajar com membros do sexo apropriado presentes é divertido, mas também traz o problema da tensão sexual. Sentimentos podem emergir durante a viagem, mas também é possível se ler errado os sinais dos outros, e você pode fazer algo que lhe deixe sem graça depois. Também merece nota que pessoas com relacionamentos conturbados (que acabaram de terminar, ou que sempre brigam, etc.) não devem viajar juntos, ou a viagem será focada nesses aspectos negativos.

O problema central é, novamente, confiança. Se todos os membros do grupo desejam confiar um nos outros, não deverá haver problemas. Discussões de todos os problemas que possam surgir e exercícios do tipo share-water-grow-closer, como meditação em grupo, são úteis. Considere também uma experiência de apenas MDMA juntos, talvez como um facilitador.

Um dos nossos companheiros de viagem teve problemas com isso. Por vários meses havia uma atmosfera extremamente desconfortável de falta de confiança e paranoia entre três membros do grupo. Eventualmente a situação ficou intolerável, foi confrontada diretamente e, por meio de discussão franca, o problema foi resolvido antes de explodir em nossas caras.

A moral é a seguinte: não deixe isso acontecer com o seu grupo. Discutir problemas como esses diretamente pode ir contra a etiqueta e ser um pouco embaraçante, mas é muito melhor do que ter que lidar com uma atmosfera constantemente incerta e venenosa.

Tomada de decisões
Conflitos de interesses podem surgir quando viajando com grupos maiores. Um conjunto de instruções:
  • Sempre pergunte a todos os presentes se está tudo bem ou não em mudar de música, alterar a luz, etc.
  • Cada membro do grupo deve ter um poder de veto absoluto. Ou seja, se todos os demais querem Z, mas um único membro não o quer de forma veemente, então o grupo não fará Z.
  • O guia é o árbitro final em quaisquer disputas.


Doses no Grupo
O guia deve tomar uma dose também para melhorar a comunicações com os outros e pra fazer as 6 a 12 horas de babysitting mais interessantes. No entanto, sua dose não deve ser alta a ponto de perder contato com a realidade. Nível 2 ou por aí é provavelmente o melhor. Exceto talvez o guia, todos os presentes devem estar sob influência do psicodélico, senão os não viajantes irão se sobrepor e trazer todo mundo pra baixo, de volta à realidade.

3c. Escolha do local
O local ideal pra viajar é, ao mesmo tempo:
  • Isolado, de forma que você não encontrará com nenhum amigo, parente ou vizinho durante a viagem;
  • No campo, de forma que você possa se afastar da afobação e dos barulhos da cidade grande, e curtir a natureza;
  • Familiar, de forma que você se sinta seguro e confortável;
  • Confortável, ou seja, com camas e colchões para todos.
Infelizmente, achar um local que cumpra todos esses requisitos não é possível pra maioria das pessoas, então você terá que se contentar com menos. Se você mora sozinho, ótimo, só tenha certeza que irá tirar tudo que te liga ao mundo externo durante a viagem (desligue telefones e campainhas, diga aos seus amigos e parentes para não te visitarem). Se você ainda mora com os pais, escolha um momento quando estará absolutamente, completamente e totalmente certo que eles não chegarão implodindo sua viagem na metade. Considere alugar uma cabana na floresta pro fim de semana ou talvez apenas um quarto de motel - há algumas opções bem baratas de hospedagem, e em grupo é possível pagar com baixo custo lugares mais caros. Aqui na Finlândia há milhares de casas de campo pro verão, quase sempre localizadas perto de lagos e florestas, que preenchem os critérios de um local perfeito para viajar.

Nas primeiras viagens eu recomendo permanecer dentro de quatro paredes, pelo menos no pico, com talvez uma excursão eventual no parque do bairro quando os efeitos estiverem passando. Outra escolha é entre viajar de dia ou de noite. De noite, você pode ver melhor as alucinações e o crepúsculo melhora a viajibilidade das coisas, e sair é mais fácil porque há menos pessoas à volta. Viajar à noite também oferece a vantagem de se poder dormir logo após o fim da viagem, de forma que você acorda renovado de manhã. Por outro lado, de noite as coisas podem também parecer um pouco estranhas demais, e ser roubado durante a onda não será agradável.

Uma vez que você tenha mais experiência e consiga interagir com pessoas que não estão viajando, seja aventureiro e vá acampar na floresta, tente a praia, um parque de diversões, uma rave... Uma vez, Leary disse (eu acho) que a maior razão das pessoas enjoarem de psicodélicos é que elas sempre fazem as mesmas coisas enquanto estão viajando, ao invés de tentarem coisas novas.

3d. Preparação
Comece a preparação uns dias antes da viagem. Carregue seu equipamento (cérebro) com tudo que você ache que seja útil. Pessoalmente, eu gosto de documentários sobre a natureza, pois são fáceis de absorver (vídeo ou TV). Livros são bons mas mais devagar pra carregar na mente. Andar na natureza, quieto e em paz, bem como meditações asseguram que eu terei energia mental e felicidade suficientemente longas. Tente quebrar o ciclo normal de trabalho e, se você está estressado, demore uns dias a mais longe de tudo antes de ir pra viagem.

Considere o que você come no prazo de umas 8-12 h antes da viagem. Você deve querer armazenar energia pra sua viagem, então uma pequena refeição de carboidratos e proteína cerca de 3-4 h antes da viagem pode ser útil, especialmente para a viagem mais longa do LSD. Por outro lado, jejuar ou só tomar sucos no dia da viagem pode lhe dar leveza de qualidade, que é boa para uma jornada mais religiosa ou de xamanismo. Se você tiver uma refeição cerca de 1-2 h antes de ingerir o material, ele será absorvido mais lentamente (a menos que seja LSD e absorvido debaixo da língua), e pode aumentar a náusea e o desconforto intestinal aos que tem tendência pra tanto. Você deve evitar alimentos com alto nível de gordura no dia da viagem, apesar de que um pouco de chocolate é uma tradição mexicana com os cogumelos.

Evite situações desagradáveis logo antes da viagem. Se você vir muitos filmes de terror ou tiver uma discussão de 2 horas com alguém, essa bagagem emocional negativa provavelmente irá ressurgir durante a viagem.

3e. Música
Um dos fatores mais importantes da preparação é a música - especialmente em ambientes urbanos a música pode ser necessária pra camuflar e mudar o fundo sonoro do dia-a-dia. Música pode atingir a sua imaginação e uma miríade de diferentes jeitos. Música pode te levar embora, confortar ou te fazer sentir inacreditavelmente bem. Também pode te deixar triste, saltitante ou nervoso. Por isso, é muito importante fazer a escolha certa da música. Existe música de viagem e música de viagem - dependendo do resultado desejado. Eu vou me focar no lado mais profundo; música para viagens xamânicas, viagens espaciais e viagens intensas de cogumelos mágicos.

Eu falo pela minha própria experiência, então pode ser que o material citado não se encaixe totalmente pra você. Eu sempre fui céptico sobre isso, mas os resultados são com frequência incríveis e surpreendentes. Músicas que você gosta em seu estado normal de consciência não são o ideal - talvez sirvam para antes e depois da viagem. Para uma viagem tente achar uma música que seja calma, nem muito agitada ou rápida, não muito estruturada, e que possa ficar bem como música de fundo se desejado.

Uma típica programação de música pra viajar ficaria assim:

Primeira hora
Otimista, relaxante, talvez não muito profunda. Adventures Beyond the Ultraworld (da Orb) é uma favorita, Little Fluffy Clouds é garantia de te colocar no clima certo.
Segunda e terceira horas
É quando o pico vai ocorrer, então a seleção musical deve ser feita cuidadosamente. Escolha algo bem quieto e calmante, há várias sugestões disponíveis.
Quarta até sexta horas
Mais do mesmo ou talvez absolutamente nada. A esta altura, a música está somente no fundo e sua seleção não importará muito.
Esses tempos são para psilocibina, multiplique por dois para LSD.

E agora os tipos comuns de músicas para viajar:

Ambiente
Um monte de música entra nesta categoria hoje em dia, e pode ser muito difícil achar algo realmente ambiente no meio de todas essas novas ambiente-techno/dub. As minhas favoritas e de muitos outros incluem Ashra Temple, John Cage, Cluster, Brian Eno, Robert Fripp, Steve Hillage, Daniel Lanois, Pink Floyd, David Toop & Max Eastley, Tangerine Dream e Tuu. Todas essas se movem em tangentes mais sérias - vale a pena checar. Muitas lojas de música trazem-nas sob o nome comum de New Age, próximas das músicas crystal-healing. Para um lado mais techno da música ambiente, tente Aphex Twin, James Bernard, FFWD, FSOL, PEte Namlook, The Orb (especialmente os lançamentos mais recentes), William Orbit, Seafeel, Sun Electric ou Terre Thaemlitz, por exemplo.

Ethno
Músicas de culturas diferentes ao redor do mundo, especialmente músicas de xamãs ou músicas que visam experiências religiosas ou espirituais - bateria xamânica, australian dijetidoo sounds ou cantos gregorianos ou de monges budistas, por exemplo. Compilações de Músicas para Meditação podem ser excelentes! Há uma enorme quantidade deste tipo de música ao redor do mundo.

Minimalista
Especialmente Terry Riley, Steve Reich, Philip Glass e Lamonte Young todos fizeram psychoacoustic music. Riley é especialista: beyond words - algo inacreditável. Pra quem conhece do assunto.

Silêncio
Silêncio completo ou “Música da Mãe Natureza” - melhor som pra viajar desde que existem humanos viajando. O padrão de gotas de chuva caindo ultrapassa qualquer música que possa ser criada. Algo que deve ser tentado. Perfeito.

Outras
Algumas pessoas ouvem, por exemplo, industrial ou rap. Enquanto ambos são ótimos de se ouvir turbinado, também tendem a apresentar desagradáveis e desanimadores temas assustadores que é melhor evitar enquanto não se for muito familiar com o mundo psicodélico. Às vezes, um techno mais encorpado (trance, acid, progressive) é excelente - pessoalmente, eu acho Orbital 2 brilhante. Mas, normalmente, muita percussão (batida) não é uma coisa boa. Muitas pessoas também gostam de música clássica. Basicamente, tente a música que você normalmente gosta, mas com um pouco de cuidado.

De qualquer forma, pra uma viagem real eu digo: depois de tomar, desligue as luzes, ligue o volume no limite do subliminal, relaxe e sintonize-se com a vibração da Terra.

3f. Acessórios de viagem (triptoys)
Acessórios de viagem só devem ser usados depois do pico ter claramente terminado e seu grupo ter entrado na fase em que se tem novamente alguma energia ao invés de só se voar no hiperespaço. Claro, algumas pessoas continuam com a música ou buscas mais espirituais. Em ordem alfabética (no original em Inglês):
  • Livros são um gosto adquirido. A maioria das pessoas acham difícil ler, enquanto outros precisam estar viajando pra entender determinados textos, por exemplo, Joyce;
  • Frutas cítricas, especialmente laranjas. Uma combinação poderosa de cheiro, textura e sabor. Suco é um substituto decente;
  • Lápis ou tintas para desenho;
  • Tocar percussões pode prover uma experiência de indução ao transe interessante, seja um tocando por todos ou o grupo se revezando no instrumento;
  • Comidas gelatinosas. Por exemplo, gelatina, pudim de chocolate, jujubas...
  • Qualquer coisa que brilhe no escuro, preferencialmente que não sejam caveiras ou esqueletos, por razões óbvias;
  • Qualquer coisa fluorescente;
  • Flores frescas parecem lindas e cheiram maravilhosamente bem;
  • Comida é uma categoria por si mesma. Além das comidas preferidas de sempre, tente sorvete, comida de neném (do tipo fruta), refrigerantes... Apenas pequenas porções são necessárias, contudo: durante a viagem você não pode realmente comer, apenas sentir o sabor;
  • Incenso, especialmente quando está escuro e você pode balançá-lo e criar rastros no ar, ou olhar a fumaça à deriva com uma lanterna. O cheiro também dá um bom tom à atmosfera;
  • Fluffies (aquelas bolas com pelos elásticos), quanto maior e mais colorido melhor, são muito positivos;
  • Espelhos podem ser interessantes, mas também arriscados. A menos que tenha alta auto-estima, e a maioria das pessoas não tem, é comum ver seu rosto coberto com cabelos/insetos/espinhas/seja lá o que for, quando você olhar pro espelho. Mas, muitas pessoas adoram espelhos quando viajam, e há casos de autoestimas melhorando depois de um longo tempo de sessões olhando pro espelho;
  • Filmes quase merecem sua própria seção. Desde que todos tem seus favoritos, vou apenas listar os populares: The Mind's Eye e Beyond the Mind's Eye, ambos animações de computador, são clássicos. Também são o Fantasia e Alice in Wonderland, da Disney. Koyaanisquatsi é outro favorito. Evite filmes “ferra mentes” como os trabalhos de David Lynch: Natural Born Killers, Tetsuo, etc.; são muito assustadores e difíceis de acompanhar sob influência;
  • Instrumentos musicais, especialmente violões e guitarras, são divertidos de serem tocados;
  • A natureza é o maior e mais inigualável acessório de viagem, ponto final. Eu realmente recomendo sair, especialmente à noite. Estou realmente convencido que a floresta à noite durante a viagem é a coisa mais irada do universo. Neste mesmo pé, está a praia quando se está de dia; o lago durante o pôr do sol; e um campo coberto de neve na luz da lua; e……..
  • Estroboscópios regulados a 20-30 Hz são ótimos. Cuidado: luzes estroboscópicas podem causar crises em pessoas com epilepsia não diagnosticada, teste-as antes de usar;
  • Bichos de pelúcia são demais: eles são uma ligação familiar com a realidade e, mais importante, são divertidos de abraçar, brincar ou jogar por aí;
  • Televisão é algo ambivalente. Algumas pessoas gostam, outras não conseguem imaginar algo que queiram fazer menos sob influência. Se quiser tentar a TV, desenhos (especialmente Reboot) são provavelmente o melhor;
  • Jogos com a voz. Jogar apenas com sons de vogais ou fazer uma língua usando vogais e consonantes pode ser muito interessante, seja o grupo todo junto ou alternando com um membro de cada vez;
  • Água: você pode beber, pode espirrar, se tiver suficiente ainda pode andar sobre ou ainda submergir totalmente. Eu não recomendo nadar de verdade durante uma viagem, especialmente em águas desconhecidas.
Também experimente as coisas à sua volta. A natureza provê um monte de coisas legais. Até seixos podem lhe dar horas de diversão.

3g. Interações com outras drogas
A maioria das drogas, prescrições e outras, misturam mal com psicodélicos, então as evite. Claro, coisas como aspirina não vão influir tanto, mas você não quer mesmo ter uma dor de cabeça enquanto viaja. Mas, por exemplo, antidepressivos tem todo tipo de reações imprevisíveis. Alguns (como Prozac) reduzem o efeito, mas outros (como Lithium) o aumentam demais. O Erowid tem um arquivo separado de interações entre antidepressivos e psicodélicos. Consulte para mais informações.

Há três exceções bem conhecidas para a regra acima:
  • Maconha, se fumada durante a viagem, tem normalmente três efeitos. Se fumada antes ou durante a ingestão, normalmente alivia o mal estar. Se fumada durante o pico, fará a viagem ser mais forte. Se fumada depois do pico, vai fazer a viagem voltar por um tempo. Note que esses são apenas efeitos comuns, podendo variar individualmente;
  • MDMA (extasy) combina bem tanto com LSD quanto com a psilocibina. Misturar MDMA com LSD é chamado de candyflipping, enquanto MDMA com cogumelos é chamado de MX-missile (mushrooms = M, extasy = X);
  • Óxido nitroso (N2O) irá normalmente levar a viagem até o nível 4 ou 5 por alguns minutos. Não se esqueça de tomar fôlego vez em quando sempre que usar isso.
3h. Outras considerações
A roupa deve ser solta e fácil de colocar ou tirar. Sua temperatura corporal deverá aumentar alguns graus, então vista-se levemente.

Traga algo para beber (preferencialmente água, apesar de refrigerante ser um ótimo acessório de viagem) e um lanche leve para comer depois.

Mantenha as luzes apagadas ou enfraquecidas. Evite luzes vermelhas, ter sua visão avermelhada durante a viagem é comum e você não quer piorar isso.

Muitas pessoas se preparam pra viagem com alguma forma de trabalho corporal, especialmente massagem ou yoga. Principalmente se combinadas com jejum ou comidas leves, elas podem estabelecer uma sintonia espiritual para a viagem e reduzir os “ruídos” durante a mesma. Meditação/visualização guiada bem no começo da onda também é popular.

Enquanto na viagem, você não interpreta os sinais do seu corpo do mesmo jeito que normalmente faz. Por exemplo, se está com fome ou sede ou quente ou com frio ou precisando ir ao banheiro, essa impressão pode ser atrasada ou mudada no caminho até a sua consciência alterada. Se em algum ponto da viagem você se sentir agitado, insatisfeito ou irritado e não pode dizer exatamente porque:
  • Mude a música, se houver alguma tocando;
  • Mude a iluminação;
  • Vá ao banheiro;
  • Tome um copo de água.
3i. Intenções da viagem
Citação direta de _The Psychedelic Experience_:

Qual o objetivo? O Hinduísmo clássico sugere quatro possibilidades:
  1. Aumentar o poder pessoal, entendimento intelectual, compreensões mais aguçadas de si e da cultura, melhoria da situação de vida, aprendizado acelerado, crescimento profissional;
  2. Dever, ajuda aos outros, prover cuidado, reabilitação, renascer para pessoas companheiras;
  3. Diversão, aproveitamento sensual, prazer estético, aproximação interpessoal, pura experimentação;
  4. Transcendência, liberação do ego e dos limites do espaço-tempo, realização da união mística.
Na experiência transcendental extrovertida, o eu é extaticamente fundido com objetos externos (como flores ou outras pessoas). Na experiência transcendental introvertida, o eu é extaticamente fundido com processos da vida interior (luzes, ondas de energia, eventos corporais, formas biológicas, etc.). Nenhum dos dois estados é mais negativo que positivo, dependendo das preparações da viagem. Para a experiência mística extrovertida, alguém deve trazer à sessão velas, pinturas, livros, incensos, músicas, ou passagens gravadas para guiar a atenção na direção desejada. Uma experiência introvertida requer a eliminação de todo estímulo: sem luz, sem som, sem cheiro, sem movimento.

[...e agora uma seção de outra parte do guia: ]
Pessoas naturalmente tendem a impor perspectivas pessoais e sociais em uma nova situação. Por exemplo, alguns sujeitos ill-prepared inconscientemente impõe um modelo médico na experiência. Eles procuram por sintomas, interpretam cada nova sensação em termo de doença/saúde, e, se a ansiedade se desenvolve, pedem tranquilizantes. Ocasionalmente, sessões ill-planned terminam com o sujeito pedindo para ver um médico.

Revolta contra as convenções pode motivar alguém a usar a droga. A ideia inocente de fazer algo longe ou vagamente impertinente pode nublar a experiência.

[Psicodélicos] oferecem vasta possibilidades de aprendizagem acelerada e pesquisa científica, mas para sessões iniciais, reações intelectuais podem virar armadilhas. Desligue a sua mente é o melhor conselho para novatos. Depois que você aprender a como mover sua consciência - para a perda do ego a de volta ao ego, à sua própria vontade - então exercícios intelectuais podem ser incorporados na experiência psicodélica. O objetivo é te libertar da sua mente verbal o máximo possível.

Expectativas religiosas merecem o mesmo conselho. Novamente, o sujeito nas primeiras sessões é melhor aconselhado a se deixar levar pela correnteza e permanecer firme o máximo possível, e adiar interpretações teológicas.

Expectativas recreacionais e estéticas são naturais. A experiência psicodélica provê momentos de êxtase que esmagam qualquer jogo pessoal ou cultural. Pura sensação pode capturar a atenção. Intimidade interpessoal alcança as alturas do Himalaia. Prazeres estéticos - música, artes, botânica, natureza - são aumentados ao milhão. Mas reações de jogo do ego (“Eu estou tendo esse êxtase. Como sou sortudo!”) podem prejudicar o sujeito de atingir uma pura perda do ego.
Em outras palavras, é uma boa ideia decidir de antemão qual seu objetivo na viagem, e checar com seus companheiros se é possível sincronizar suas atividades, músicas, etc. Tentar atingir o nirvana através de meditação za-zen é um pouco difícil quando a pessoa com que você está viajando junto só quer saber como é delirar (rave) com um techno hardcore de 300 bpm arrancado a 100 dB.

A contrapartida disso é que você deve evitar definir a natureza da sua experiência antes dela com precisão demais. No fim, você só pode influir no caminho que a viagem tomará, não controlá-la. E não ser capaz de alcançar um objetivo muito rigidamente estabelecido vai frustá-lo à toa. Como dito acima, desligue a sua mente.

4. Durante
O que irá acontecer durante a viagem e o que fazer sobre isso.

4a. Conselho geral
Uma vez sob efeito, é relativamente fácil esquecer que você pode alterar o curso da viagem. Visuais e pensamentos vem e vão, e tudo segue um padrão estranho e desconhecido, mas divino. No entanto mudar o padrão é fácil - desde que você não se esqueça de que é possível. Sempre decida e pondere o que você quer ver e onde você quer ir antes da experiência. Uma viagem xamânica para o submundo é interessante, assim como prever o futuro. Normalmente, cada psiconauta cria seu próprio caminho pra estabelecer um padrão - seja isso pro bem ou pro mal. Qualquer coisa é possível!

Mas se lembre das palavras imortais do Hitchhiker's Guide to the Galaxy (O Guia do Mochileiro da Galáxia):

     _____     _    _  .  .   ___   __    . .  . .   _   ___    _____
    /     \   | \  / \ |\ | /  |   |  |  /| |\ | |  / \  \ /   /     \
   |  | |  |  |  )(   )| \|    |   |--' /-| | \| | (      V   |  | |  |
   | \___/ |  | /  \_/ |  |    |   |   /  | |  | |  \_/   o   | \___/ |
    \_____/   *******************  ********************  ***   \_____/
[ NÃO ENTRE EM PÂNICO!!! ]

4b. Interferência física
Além da possível náusea do começo, que invariavelmente some depois que chegam as alucinações, os cogumelos podem causar interferências físicas ou psicossomáticas. Você se sentirá estranho, e talvez sensações físicas assustadoras como pele líquida ou proporções corporais distorcidas apareçam. Talvez sinta que tem problemas para respirar; que acabou de mijar ou cagar nas calças; que está afundando no chão ou em si mesmo. Se realmente começar a se preocupar com isso, talvez você comece a sentir como se vermes estivessem rastejando no seu estômago, que o teto está pra cair sobre você, que o colchão que você está em cima está tentando te devorar...

Sim, você adivinhou, isso é uma bad trip chegando. Não entre em pânico! Isso é normal, e nada realmente aconteceu ou está acontecendo, é só sua mente exagerando e criando coisas. Mas o mais importante: VOCÊ AINDA PODE PARAR ISSO. Aprenda a distrair seus pensamentos em outras direções nesses momentos. Não é fácil, mas é uma habilidade muito importante para viagens em altas doses.

Um dos benefícios de viajar com um grupo bem selecionado é que em um momento como esse, você pode chegar até alguém, tocá-lo e convencer a si mesmo que você ainda está são. E se você tem um bom guia, ele irá notar que você está num momento crítico e virá te ajudar, te confortar, mudar a música e te tirar dessa bad trip.

4c. Plano de vôo
[ Comments about the timing for LSD welcome, I have no personal experience with the stuff... -G ]

VÔOMINUTOS DEPOIS DA INGESTÃO
FaseLSDPsilocybin
IGNIÇÃO00
Normalmente os primeiros efeitos da droga são percebidos depois de 10 ou 20 minutos. Coisas estranhas e engraçadas podem surgir na sua mente. Pode se sentir muito relaxado ou querendo pular. Depois você pode sentir que está decolando pras estrelas, e avante.

ACELERAÇÃO4520
Aqui batem os efeitos físicos que eventualmente ocorram. Você pode evitar ou reduzir a náusea não comendo muito antes da viagem ou não se movendo muito durante essa fase. Vomitar é incomum mas já foi relatado; ter uma sacola pra vomitar nas primeiras viagens é uma boa ideia. Se você achar que seu corpo realmente não gosta de cogumelos, uma pilula contra enjôo antecipadamente deve ajudar. Mas não se importe muito com isso, mesmo que se sinta enjoado a náusea irá acabar rapidinho.

DECOLANDO6040
Começa o reino da experiência psicodélica; normalmente os primeiros sinais reais são simples alucinações com olhos fechados ou no escuro, pequenos pixels coloridos voando à volta, etc. Se alguém precisa ir ao banheiro, deve ser agora.

EM ÓRBITA9070
Nessa hora os efeitos mais poderosos estão começando a aparecer. O corpo se sentirá pesado e sonolento.

PICO180120
O pico da experiência. Normalmente bem incrível.

DESACELERAÇÃO300240
Nesse momento a pessoa irá começar a se relembrar dos conceitos da realidade normal e vai querer pegar algo pra beber e comer, ou conversar e se mover um pouco.

ATERRIZAGEM10 h360
A maioria dos efeitos desapareceram e é possível dormir.

REALIDADE16 h12 h
Se você viajou de noite e dormiu após o fim da viagem, esse é o momento quando você se levanta… e as chances são de que você se sinta INCRÍÍÍÍÍÍÍÍVEL!



É sempre uma boa ideia ficar junto com seu grupo, ou pelo menos parte dele, e trocar experiências. No dia seguinte e no posterior as pessoas vão tender a ficar mais interiormente focadas, ainda analisando o que elas acharam durante a viagem e a importância disso para elas. Mas após esse estágio inicial de análise, comparar experiências é bem útil.

4d. Diferenças entre Psilocibina e LSD
LSD e psilocibina, apesar de similares, não são iguais. Aqui vai um bom artigo de Ellis Dee (an188749 - at - anon.penet.fi) resumindo as diferenças:

"Aqui vai uma lista parcial das diferenças entre os efeitos do LSD e da psilocibina, na forma como os vejo: ---
(key -- P: Psilocibina; L: LSD)

  • Duração
    P: início: 30 minutos; pico 90 minutos; duração: 6 horas;
    L: início: 60 minutos; pico 2-3 horas; duração: 10 horas.

  • Estimulação
    P: pequeno efeito estimulante, às vezes induz leve sonolência;

    L: pronunciado efeito estimulante, similar à feniletilamina.
  • Percepção
    • Escopo do Efeito
      P: primariamente visual [Eds: nós discordamos disso.];
      L: todos as áreas dos sentidos - visual, auditivo, tátil, sinestesia.
    • Integração Perceptiva P: sinestesia limitada, até em doses altas;
      L: sinestesia profunda em doses altas, especialmente percepção visual de estímulos auditivos.
    • visual
      • Especificidade
        P: um pouco específico, com formas recorrentes;
        L: geral, amplo espectro de possíveis efeitos.
      • Estética
        P: visões de beleza sublime são comuns;
        L: neutra, visuais indo de banais a sublimes.
      • CPr
        • Matiz
          P: cores quentes compostas de terra;
          L: cores primárias e espectrais.
        • Associação Cor-Objeto, Mobilidade
          P: concreto: cores fundidas aos objetos;
          L: abstrato: cores se movendo e mudando livremente.
        • Outras qualidades
          P: rico, lustroso;
          L: transparente, neutro.
      • ○ Padrões
        • Detalhes
          P: pouca ênfase em detalhes;
          L: fino detalhe, qualidade fractal.
        • Forma
          P: amplas regiões interligadas contendo diferentes cores unidas por bordas curvadas e evidentes;
          L: grande variedade de formas; pequenas linhas, estruturas elucidadas por facetas.
    • Consciência, Geral
      • Dissolução do Ego
        P: suave despersonalização acompanhando a experiência da beleza interior e empatia com outros seres ou fenômenos;
        L: despersonalização profunda acompanhando a experiência de unidade subjacente e ligação com tudo.
      • Expansividade
        P: suavemente expansivo;
        L: muito expansivo, multiplicidade de pensamentos e emoções, senso de ligação.
      • Cognição e Percepção
        P: percepção é pouco afetada pela cognição;
        L: cognição e percepção estão intimamente associados, com a percepção parecendo ser amplamente direcionada por processos cognitivos.
      • Continuidade
        P: pouca continuidade, uma vez que uma sensação intensa substitui a outra;
        L: alto grau de continuidade possibilitada (aparentemente) pela mediação da percepção pela cognição.


Algumas das diferenças são exageradas um pouco para fins de clareza.<"

4e. Alucinações
Descrever alucinações e efeitos visuais não é possível; não apenas são indescritíveis como são diferentes em cada pessoa. Mas, que seja, vamos tentar o impossível e prover uma lista curta de alguns tipos mais clássicos de alucinações com que nos deparamos, em ordem aproximada de quão alto deve ser a dose para que surjam.

CEV = Closed Eye Visual (Visualização de Olhos Fechados)
OEV = Open Eye Visual (Visualização de Olhos Abertos)
  • Pontos vermelho/verde/azul (CEV ou OEV)
    Possibly the most common type of hallucination, this usually occurs at the onset. The basic idea is that a layer of red, green, and blue blips - kind of like looking at a TV set from real close - is superimposed on everything. Most visible in darkness.

  • Pixalização (OEV)
    O secundo estágio do efeito acima é a pixalização, ou seja, tudo parece ter sido separado em pequenos pixels, como os da tela de um computador. Esse efeito é difícil de descrever, e só posso lhe dizer que saberá quando o vir. Pessoas que não são ligadas em computadores descrevem o efeito como uma fina malha ou rede colocada sobre seu campo de visão.

  • Traçadores (OEV)
    Deixa traços coloridos mover objetos que contrastam bastante com o fundo (como o incenso aceso numa sala escura, bola voando com o céu azul, etc.).

  • Desvio pro Vermelho (OEV)
    Tudo parece como se estivesse olhando por trás de lentes coloridas de vermelho. Agora você sabe porque hippies amam tanto óculos de sol vermelhos...

  • Respiração (OEV)
    Um efeito muito comum em doses mais altas. O objeto em questão começa a pulsar pra cá e pra lá, borbulhar, mudar, se dividir em várias camadas, transformar-se até ficar totalmente irreconhecível… Normalmente visível em objetos maiores, como areia da praia, nuvens, paredes e carpetes com texturas, etc.

  • Derretimento (OEV)
    Corolário direto do Respiração, melhor visto em plantas e árvores. O objeto em questão começa a agir como se fosse de plástico e alguém o estivesse esquentando. Ele se distorce, flui para baixo, talvez meneie um pouco em uma dança cósmica. Sombras podem exibir uma forma especial de derretimento: elas se movem por si mesmas.

  • Aurificação (OEV) [descrito por James Kent]
    Normalmente meus visuais de cogumelos começam como aurificação de cores enevoadas de arco-íris de qualquer coisa que eu olhe. Então, enquanto a viagem se intensifica, eu tenho o que posso chamar de kodakização ou polaroidização - as auras em volta dos objetos mundanos 3-D começam a se alterar em instantâneos - normalmente de membros da família ou de experiências recordadas de diferentes perspectivas;

    Os instantâneos tem um tipo de "efeito cascata infinito" em volta das beiradas, como se estivesse evaporando no tempo… Isso não é muito acurado, mas não sei como descrever melhor. Talvez assim: eles são fractalizados nas beiradas. Eu estudei esse efeito por algum tempo e acredito que essa alucinação se dá devido a uma mudança na velocidade na qual eu percebo a luz. As beiradas fractalizadas tendem a pulsar e piscar e regredir ao infinito. Quanto mais próximo eu analiso as bordas, mais complexas elas ficam - ao infinito. Boa música, boa erva, ou uma combinação dos dois irá animar os instantâneos - fazê-los se transformarem e escorrerem em diferentes cenas mais rapidamente. Chamo a isso de graxa da animação.

  • Visão de Raio-X (OEV) [descrita por James Kent]
    Me lembro de estar num ônibus com meu amigo com uma dose mediana de cogumelo mais ayahuasca (1,5 cogu mais 1 cápsula). Quando eu olhei seu rosto, podia ver a rede de veias pulsando sangue por sua cabeça e cérebro. Pude ver através de sua pele e enxergar seu crânio. Foi realmente estranho, mas também muito legal. Eu comecei a rir tanto que tive que botar minha mão no rosto para reduzir o barulho. Em outra viagem (dose similar - meu usual), eu estava olhando uma árvore e subitamente eu podia ver cada veia na árvore e a seiva correndo ali dentro de forma lenta mas constante. Também pude ver ciscos como pequenas formigas percorrendo tudo, inclusive meu corpo. Eles voavam através do espaço em padrões orgânicos - da árvore, para o deck, para minhas pernas, etc. Eu não sei o que esses ciscos eram. Primeiro assumi que eram algum tipo de inseto, mas eram muito pequenos pra isso. Ninguém comigo (viajando ou sóbrio) podia vê-los, então os coloquei como ilusão de viajante. No entanto, certa vez em uma caminhada (e viajando), eu sentei numa pedra e notei a MESMA COISA. Dessa vez eu busquei e vi que eram na verdade pequenos insetos nas pedras.

    Eles eram menores que as pequeniníssimas partículas de poeira sobre a rocha, mas estavam definitivamente se movendo em padrões de insetos. Eu os mostrei ao meu amigo, que também estava viajando, e ele não os pode ver. Então eu disse, "não, eles são realmente pequenos, como átomos”, e subitamente ele também os viu. Nós dois quase enlouquecemos. Eu ainda não sei o que eram - ácaros, bactérias, etc. - mas eles existiam e estavam lá. Eles estavam comendo e excretando algum tipo de líquen que estava espalhado por todas as pedras e árvores na área. Era maravilhoso. Eu estive caminhando na mesma área sóbrio muitas vezes e nunca as vi. Quando eu voltei uma vez sóbrio, poderia vê-los se olhasse realmente de perto, mas somente na área pequena que eu olhasse, e realmente forçando a vista. Sob efeito, eu os via em todo lugar (como milhões de rastros de formigas). Falo sobre acuidade visual!

  • O Guardião (CEV ou OEV)
    Poucas pessoas, inclusive eu, são sortudas o suficiente para ter uma alucinação constante que dura toda a viagem e até depois. Castaneda menciona-os em seus livros como "guias" ou "guardiões". Duas formas incluem uma malha azul e vermelha de flashes, e uma estrela vermelha brilhante. Podem ocorrer ou não em diferentes viagem e também retornar em flash back após o fim da viagem.

  • Padrões Geométricos (CEV)
    Um tipo de alucinação é o padrão geométrico. Há muito subtipos destes: mandelbrot, espirais, padrões de interferência em ondas, etc. O aspecto unificador é que tendem a ser em cores prismáticas e com natureza fractal, ou seja, o mesmo padrão é repetido continuamente. Costumam ser bidimensionais em baixas doses, mas ficam 3D em altas doses. _Psychedelic Experience_ chama a isso de _The Internal Flow of Archetypal Processes_ (O Fluxo Interno de Processos Arquétipos).

  • "O Fluxo de Fogo da Unidade Interna" (CEV)
    Outro tipo pego de _Psychedelic Experience_. Esse envolve mais um *sentimento* de algo do que *visualização*, apesar de haver alucinações indescritíveis acompanhando os sentimentos. A diferença básica pro último acima é que os visuais não são geométricas ou separadas, mas amorfas, formas obscurecidas diretamente ligadas a emoções que estão sendo experimentadas, que podem ser positivas (bem-aventurança, amor, paz) ou negativas (isolamento, ausência, tristeza).

  • Padrões Tradicionais (CEV)
    São bem comuns visuais contendo imagens Aztecas, Maias, de Nativo Americanos, Indianos, culturas Africanas. Variam desde ver uma clara pintura/estátua de um Deus nativo até a visões vagas de escrituras e templos ou até mesmo a ideia geral de que as alucinações estão num determinado estilo.

  • Alucinações (CEV, raramente OEV)
    Alucinações de verdade - ou seja, objetos que são reconhecidos e aparentam ser reais mas não estão ali - podem ocorrer com viagens de dose alta. Se sortudo, o viajante talvez possa até ser transportado a um mundo do tipo País das Maravilhas literal, não apenas figurativo. Isso não seria apenas um simples sentimento como “Eu me senti como um satélite” ou “Eu fui transportado pela música”. Com alucinações reais, os visuais são equivalentes a um filme 3-D numa tela de 360 graus.

  • Entidades (CEV, raramente OEV)
    Encontros com outros seres são fato recorrente em altas doses. Não vou tratar das questões filosóficas complexas sobre o que eles são (se são algo), como chegaram ali, o que significam; tudo que sei é que eles existem. Alguns tipos comuns:
    • O louva-a-deus, uma criatura mistura de alien com cabeça de inseto que costuma parecer extremamente inteligente, consciente e neutra/negativa em relação ao viajante. Pode ser verde ou branco acinzentado;
    • O tão conhecido elfo do DMT, uma entidade parecida com um gnomo brincalhão, engraçado e normalmente amigo;
    • Pequenas pessoas felizes que dançam e aparecem em grupos grandes;
    • Massas de protoplasma do hiperespaço que, apesar de não terem forma, são conscientes.
    Tem outras, mas essas são as mais comuns.

  • Luz Límpida da Realidade (CEV or OEV)
    Nirvana, perda do ego, êxtase sem jogos, iluminação, verdade final, “a mente infalível do estado místico puro”, etc. Uma coisa é certa: você vai saber quando chegar lá. =) Novamente, se por um lado qualquer viagem decente irá seriamente reduzir a dominação do ego e te deixar ver muita coisa que normalmente não repararia, por outro lado a perda do ego a ponto da “Luz Límpida” é bem rara e até viajantes mais experientes consideram-se com sorte de terem tido essa experiência, considerada de "nível 5".

Essa está longe de ser uma lista completa. Apesar do listado acima, você vai notar que tudo, especialmente a natureza, simplesmente parece *diferente*: novo, fresco e de alguma forma estranho e familiar ao mesmo tempo. Os detalhes vão se sobressaltar e os contrastes entre as cores serão enaltecidos. Eu acho essa habilidade de ver o mundo diferentemente como um dos aspectos mais recompensadores dos psicodélicos.

4f. Níveis psicodélicos
Para discussões com outros psiconautas, uma escala para ranquear o nível psicodélico de uma viagem é necessário. O padrão ao menos na internet é a escala de Graeme Carl, de 0 a 5, que se provou mais detalhada e trabalhável do que o sistema de “3 a mais” de Shulgin. Aqui vai o que o próprio Graeme (an43543@anon.penet.fi) diz sobre isso:

"[...] Em apenas sete anos eu viajei"" cerca de 60 vezes. Durante esse período eu prestei bastante atenção nos efeitos de várias dosagens e cheguei à conclusão que a curva de dosagem-resposta não é linear, tanto para LSD quanto para psilocibina (cogumelos). Essa não linearidade é diferente de uma pessoa pra outra, mas a forma essencial do gráfico é consistente. O seguinte diagrama em ascii é uma tentativa de retratar essa informação:

  5 I                                 ooooooooo
    I
  4 I                          ooooooo
N   I
I 3 I                   ooooooo
V   I
E 2 I            ooooooo
L   I
  1 I     ooooooo
    I
    Iooooo______________________________________
   0      2      3      5      13     20
40
             D O S A G E M  (em cogumelos frescos)


[...] A ideia essencial do gráfico é o que eu quero deixar valendo, uma vez que as dosagens individuais variam de pessoa a pessoa, em até mesmo uma proporção de 2x.

[ Notas:

A figura de dosagens passada acima aplica-se apenas ao obscuro cogumelo Psilocybe subaeruginosa Australian, então ignore-as. A ideia básica da escala funciona bem o suficiente para qualquer psicodélico. Como referência, uma parceira minha precisa de 1 g pra ter o mesmo efeito que eu com 3 g]

Nível 1:
Esse nível produz um nível suave de efeito, com enaltecimento visual (p.e., cores mais brilhantes, etc.). Ligeiras anomalias na memória de curto prazo. Hemisférios cerebrais mudam a forma de se comunicar, fazendo a música soar mais expressiva;
Nível 2:
Cores brilhantes e visuais (p.e., as coisas começam a se mover e respirar), alguns padrões bidimensionais ficam aparentes fechando os olhos. Pensamentos confusos e reminiscentes. Mudança no padrão da memória de curto prazo leva a contínuos padrões de pensamentos distrativos. Muito aumento de criatividade fica aparente uma vez que o filtro natural do cérebro é ignorado. (*)
Nível 3:
Visuais muito óbvios, tudo parecendo curvado e/ou deformado e caleidoscópios são vistos em paredes, faces, etc. Algumas alucinações mais suaves como rios fluindo em madeira granulada ou superfícies peroladas. Alucinações de olhos fechados ficam em 3-D. Há uma confusão dos sentidos (por exemplo, vendo sons como cores, etc.). Distorção do tempo e momentos eternos. O movimento às vezes fica extremamente difícil - muito esforço requerido.
Nível 4:
Alucinações fortes, p.e., objetos se tornam em outros objetos. Destruição ou multiplicação do ego. (P.e., ou as coisas começam a falar com você, ou você sente coisas contraditórias ao mesmo tempo). Alguma perda da realidade. O tempo perde o significado. Experiências fora do corpo e espirituais são comuns. Mistura dos sentidos.
Nível 5:
Total perda de conexão visual com a realidade. Os sentidos param de funcionar da forma normal. Total perda do ego. Fusão com o espaço, outros objetos ou com o Universo. A perda de realidade fica tão aguda que desafia qualquer explicação. Os níveis mais baixos são relativamente fáceis de explicar em termos de mudanças mensuráveis na percepção e padrões de pensamento. Esse nível é diferente do universo em que as coisas são normalmente percebidas - isso deixa de existir. Nirvana total (**).
Notas:

* Para que a humanidade sobrevivesse, tivemos de aprender nos primórdios como fechar e filtrar as informações que chegam ao cérebro. Esse processo de filtragem nos permite ficar centrados e com um só pensamento. Imagine-se completamente consciente de todos os sinais vindo do seu corpo num só momento, de cada centímetro da sua pele e como a sente; eternamente consciente da sua língua na sua boca, daquela coceira no final do seu nariz ou do som do ar condicionando assobiando suave ao fundo. Eu acho que viajar traz de volta essa consciência geral que foi fechada desde que nós éramos árvores.
Você já notou crianças num shopping center? Se notar, elas parecem estar viajando: olham estupefatas todas as maravilhosas cores, andando e olhando o teto ou a si mesmas nas superfícies espelhadas. Enquanto as crianças envelhecem, gradualmente aprendem a fechar essa arremetida de informações, e não mais parecem notar o mundo como quando eram novos. Quando se chega à fase adulta, essas sensações são até mesmo perdidas na memória. Talvez isso explique porque tantos iniciantes parecem sentir uma estranha familiaridade, uma sensação de que a viagem é de alguma forma mais real do que a estrita realidade.

** Iluminação Satori (Satori enlightenment), Zen instantâneo, Nirvana, etc. Você vai achar muitos desses termos orientais usados junto às drogas psicodélicas. Em minha (humilde) opinião, verdadeira iluminação Satori só é alcançada quando o ego foi totalmente superado; somente quando o “boi” foi rastreado, domado e trazido de volta à cidade. Isso, infelizmente, não pode ser alcançado na realidade alterada do universo psicodélico. Os lapsos de Satori que podem ser experimentados durante uma viagem são percebidos como um momento de absoluta paz e calma; período em que, por um curto tempo, o ego está tão difuso que a mente não é escravizada por muitas das paixões que normalmente a dominam.

A não-linearidade da escala é debatível, e especialmente nos níveis mais baixos (0-2) é bem nublada. Pessoalmente, eu acho que uma característica distinguidora extra entre os níveis 2 e 3 é que no nível 2 você pode controlar os OEVs, ou seja, só aparecem se você olhar; enquanto no nível 3 eles aparecem em todo lugar sem qualquer esforço. Igualmente, o nível 5 é uma classe por si mesmo, e você não alcançará o Nirvana só por tomar uma dose cavalar.

O texto completo dos Níveis Psidocélicos, o que inclui uma série de vários exemplos de níveis, está disponível no Erowid.

5. Depois
O que vem depois, fisicamente e mentalment.

5a. Visão geral
Rebotes da experiência persistirão desde alguns poucos dias até várias semanas. O que você aprendeu deverá mudar a sua vida. Ocasionalmente esse ensinamento será negativo e você ficará depressivo um tempo enquanto assimila que estava errado sobre algo a sua vida inteira. Mas a depressão nunca é extrema e - receoso como pode soar - você será uma pessoa melhor depois disso.

5b. Efeitos pós-viagem
Todos os efeitos posteriores possuem uma característica em comum: a frequência e/ou intensidade diminuem com o tempo. Retornando 100% ao normal costuma tomar cerca de um mês, apesar de que a maioria desaparece em uma semana. Aqui está uma lista, categorizada pela frequência de ocorrência e por ordem alfabética:

Efeitos Comuns [a maioria das pessoas os vivenciam]

Alienação
Soa um pouco desagradável, e de fato seja o efeito colateral mais desagradável. Em resumo, depois da destruição do ego e de ver através dos jogos que as pessoas fazem na vida (veja The Psychedelic Experience), normalmente se começa a sentir alienado dos não-viajantes, simplesmente porque eles não podem ver através dos jogos que jogam, e há coisas mais importantes na vida do que correr atrás de pedaços de papel com fotos de presidentes mortos neles. Também, como psicodélicos são ilegais, a pessoa deve se manter de guarda levantada sobre o que falará aos não iluminados. “O que será se meus pais/vizinhos/professores/chefes descobrirem que uso drogas?”. Até com bons amigos não-viajantes, o fato de eles não terem vivenciado a impressionante experiência psicodélica é de certa forma uma barreira. Não há cura pra isso, além de tempo e desenvolvimento de um cinismo; além, é claro, de "converter" seus amigos.
Desorientação
Sua mente, após encarar a tarefa de lidar com todo o imenso fluxo de informações durante a viagem, poderá se sentir lenta por um dia ou dois. Se concentrar e evitar que a mente saia para assuntos mais interessantes fica difícil. Talvez você experimente flashes de consciência onde, nos momentos mais aleatórios, você começará a ponderar o “significado da vida”, ou pior, “quem eu sou?”, “o que eu sou?”, “por que eu sou?” Essa a razão de se sugerir um dia de descanso após a viagem, se possível.
Euforia
"A VIDA É BELA!!!" Esse é um pós efeito que ninguém reclama, infelizmente costuma durar apenas um dia ou dois. Poderá durar meses, anos ou até pra sempre uma forma mais suave de euforia, que eu chamaria de "apreciação da beleza geral das coisas" e consiste na capacidade de curtir vistas como um céu azul até nas manhãs de segunda.
Percepções (insights)
O corolário da mente para impulsos aleatórios (veja abaixo), que incluem observações brilhantes como “carros são máquinas!”, “pessoas são objetos tridimensionais!” e “a lama é legal!”. Não ria: essas são coisas que nunca teria pensado sem passar pela lubrificação mental da psicodelia. E alguns, ou a maioria, desses insights costumam se provar extremamente úteis na sua vida vida pessoal ou filosófica.
Impulsos Aleatórios
Durante a semana da viagem ou pouco mais, são normais desejos e impulsos totalmente aleatórios de fazer algo estranho. Formas tópicas (que podem variar enormemente) incluem “eu preciso pular naquela pedra e quicar sobre ela!” ou “Uvas! Eu preciso comer um monte de cacho de uvas!”. Os impulsos são sempre inofensivos (por exemplo, não será “preciso pular de um precipício”), mesmo que outras pessoas possam te estranhar fazendo o que te deu vontade. Seguir esses desejos é uma boa ideia, porque é DIVERTIDO!

Raros [acontece de vez em quando]

Síndrome Bipolar ("montanha-russa emocional")
Uma forma de depressão. Como o nome indica, a síndrome consiste em alternância entre mania (felicidade) e depressão (tristeza), sem razão aparecente para se ir de um estado ao outro. O período dos ciclos varia de minutos a dias, com a amplitude desse pós efeito acabando em no máximo umas duas semanas. Infelizmente, não há muito o que se fazer nesse caso, exceto esperar e curtir as partes divertidas; mas talvez ter consciência de que a depressão é induzida quimicamente e irá acabar logo seja uma ajuda. Mais estranhamente, ao contrário dos demais efeitos colaterais, este não parece ter relação com a proporção da dose tomada e poderá aparecer até mesmo com uma viagem não-espetacular em baixa dose.
Experiências de Conversão
Uma completa e súbita reorientação do sistema de valores de alguém, em oposição à re-estruturação de prioridades mais ou menos intensa que os psicodélicos tendem a ocasionar. “Tudo que você sabe está errado, mas você pode ser curado”.
Depressão
Provavelmente o menos raro dos efeitos raros, normalmente ativado por uma viagem ruim, especialmente uma em que se aprende algo desagradável sobre si ou sobre os outros; mas algo aparece sem razão evidente. Como a síndrome bipolar, normalmente passa em torno de uma semana.
'Flashbacks'
O pós-efeito mais famoso, e também o mais exagerado. "Flashbacks patológicos" plenos, em que você revive totalmente parte da onda e que é o propagandeado pela mídia, pertencem à categoria "extremamente raros". O mais comum é algo que te lembra da sua viagem, e por um momento você experimenta um fenômeno específico da viagem: normalmente uma alucinação simples ou aqueles sentimento cósmico de flutuação. Isso é um quase sempre divertido e provoca uma sensação de "uau!". Viajantes frequentes se referem a isso como "brindes". Em termos de computação, flashbacks não são falhas (bugs), mas recursos (features).
Episódios psicóticos de 48 h ou mais
Em outros termos, um episódios sério de insanidade que não termina com a viagem. Este é muito raro, 0,08% (8 a cada 10.000 pessoas) de acordo com um estudo sobre usuários de LSD. E até nesses casos raros, o paciente quase sempre tinha um histórico de doença mental anterior, apesar de haver exceções. Até um episódio psicótico sério não quer dizer que você vai enlouquecer pra sempre.

Muito raros [menos de 1% de todos os usuários]

Transtorno perceptivo persistente por alucinógenos (no inglês, HPPD)
Após sua primeira viagem, quase todo mundo acha que os visuais que obtém com os olhos fechados (sem drogas!) são mais claros ou mudam, quase sempre permanentemente. Isso é normalmente atribuído a ser capaz de notar coisas que você não podia ver antes. Mas muito, muito raramente, uma forma extrema disto surge:

“Com HPPD, pessoas podem experimentar uma desordem perceptiva que descrevem como viver em uma bolha debaixo da água. Também descrevem trilhas de luz e imagens seguindo o movimento de suas mãos… Essa desordem na percepção é agravada pelo uso de qualquer substância psicoativa…”

"Com HPPD, a pessoa normalmente sofre de ansiedade e até pânico, e fica fóbico e deprimido. Com vítimas de HPPD, nossa experiência tem sido a de que os indivíduos não têm um histórico psiquiátrico perturbado antes do início do uso de drogas psicodélicas…”

“Para HPPD, recuperação sem uso de drogas e com aconselhamento de apoio tem se mostrado um tratamento adequado, apesar de que a recuperação pode levar vários meses. Medicação contra ansiedade pode ser necessária para tratar os distúrbios secundários de ansiedade e pânico que normalmente se desenvolve quando alguém sente que sofreu um dano cerebral irreversível…”

(David Smith et al, /Psychiatric Annals/ 24:3 March 1994 p. 145)

Suicídio
Obviamente não causado diretamente pela droga, mas indiretamente através de ataques de grave depressão, experiências de conversão negativas e várias formas de doenças mentais. Também raro ao extremo.

5c. A síndrome do Eraserhead
Os cogumelos podem ser divertidos. Alguém pode querer comê-los diariamente. A - não é legal, B - não é bom. Uma tolerância física/psíquica surge bem rapidamente: normalmente 3 a 4 vezes em um intervalo de 7 dias causa um efeito menor e uma viagem notavelmente menos divina. Eu recomendaria visitar o mundo espiritual de 4 a 10 vezes ao ano, pelo frescor e divindade nisso. A maioria de nós conhece um usuário abusador de drogas (acid-head, pot-head, etc.). Eu chamo de Eraserheads (já viram o filme?) de ácido ou cogumelo, uma vez que ficam um pouco paranoicos, maníaco-depressivos e teimosos. É fácil extrair más vibrações de psicodélicos - apenas os use da mesma forma de toma álcool - sem qualquer respeito ou cuidado. Então, lembre-se do que o prefácio diz e use a consciência do cérebro símio-turbinado que todos temos. E se você só quer ferrar com seu cérebro, há substâncias melhores para isso por aí pelo mundo.

6. PARA O VIAJANTE
Essa seção é dedicada à quem está se preparando para a primeira viagem no mundo da psicodelia.

6a. Preâmbulo
A primeira viagem é um evento inesquecível que poucas coisas, como casamento ou nascimento de um filho, podem vencer em termos de intensidade emocional, e pro seu próprio bem é melhor tratá-la com seriedade. Para citar Andrei Foldes, “você nasce sozinho, morre sozinho, e viaja sozinho”. DROGAS PSICODÉLICAS NÃO SÃO BRINQUEDOS.

6b. Estado mental
Se você está deprimido, perturbado no trabalho, doente, ou só buscando um bom momento não use drogas psicodélicas. LSD e psilocibina são lupas mentais e, se você já se sente um lixo, você irá tão somente perder a viagem afundando na sua própria insignificância e se sentindo ainda pior. O viajante habilidoso é capaz de usar essa lupa em sua vantagem e resolver o problema durante a viagem, mas não é algo prazeroso e nem recomendado para iniciantes.

Por outro lado, se você está saudável, feliz e olhando para a viagem como uma ida a uma terra distante que você sempre quis visitar - então você está em boa forma. A felicidade é aumentada da mesma forma que raiva e medo também o são.

6c. Não se preocupe, seja feliz (Don't worry, be happy)
Agora, você provavelmente está assustado e convencido que a experiência é uma provação terrível onde até um pequeno detalhe indo mal poderá levar a 12 h de inferno. Essa visão, felizmente, é falha. Este FAQ tem a infeliz tendência de salientar o lado negativo das coisas. Com baixas doses, apenas faça o básico da preparação, e tudo irá perfeitamente bem. Apenas com doses mais altas é que há risco real de uma bad trip, e até nem a preparação mais cuidadosa, autoanálise intrépida e companhias bem selecionadas podem garantir um risco zero. (Se está planejando uma jornada de alta dosagem, veja o FAQ de High Dose).

Mas me deixe te contar uma história. Minha primeira viagem foi uma dose mediana de Psilocybe Semilanceata, e mais tarde eu a classifiquei como nível 2 ou 3 de 5. Às 22 h de um dia qualquer, um amigo me ligou e me chamou, que íamos viajar agora.

Tínhamos planejado em geral por um tempo, mas uma oportunidade inesperada surgiu e decidimos usar. Então, lá estava eu, com uma hora pra me preparar, nunca tendo usado qualquer outra droga além de álcool até então na minha vida, indo viajar num apartamento não-familiar, sem acessórios de viagem, sem fundo musical próprio, e no geral totalmente despreparado para o que ia ocorrer.

Então, nós usamos. E eu levei uma pancada. Minha visão do mundo se partiu. Seis horas de êxtase, pairando nos limites da sanidade. E, apesar da falta de preparação, foi uma experiência realmente incrível e quase totalmente positiva.

Tudo que posso dizer é: não se preocupe. Apenas aborde a viagem com a mente aberta e tudo ficará bem.

6d. Viajando apenas por diversão
A maioria dos guias sobre experiência psicodélica, incluído este, são voltados para o sabor místico de alto nível das viagens. Ainda, se você estimar sua dose corretamente, para a primeira vez sua viagem provavelmente não será maior que o nível 3, e nada realmente cósmico deverá ocorrer, pelo menos por si mesmo. Há, portanto, dois jeitos de lidar com isso.

Primeiro, você pode tentar direcionar a viagem a uma direção mística. Isso requer escuridão, falta de estímulos sensoriais, companhias muito bem cuidadosamente selecionadas e uma preparação (setting) silenciosa. Ainda assim, você só chegará a alguma lugar se meditar, ou mais precisamente, apenas ficar sem se mover com olhos fechados durante o pico da viagem - ainda haverá 3-4 horas de viagem sobrando. Daí, a resposta lógica é:

Segundo, esquecer sobre os aspectos místicos, apenas se acostume com o estado alterado, e acima de tudo DIVIRTA-SE! Lá em cima, nós listamos uma série de acessórios de viagem - teste-os! Ande pelo seu apartamento, saia lá fora (talvez até na luz do dia?), visite um bom parque… não tenha medo de sorrir e dar risadinhas. A expressão tolo viajante (tripping fool), apesar de estranho pro não-iniciado, é uma descrição perfeita do estado em que você deverá estar durante a viagem. Você fará muitas coisas infantis e/ou bobas, brincando com pedras legais ou plantas ou seja lá o que for, olhando boquiaberto como as árvores parecem incríveis. E você estará totalmente consciente do quão não adulto está sendo seu comportamento, mas isso não importará nem um pouco porque por essas poucas horas de psicodelia, você será capaz de redescobrir como é se sentir criança novamente, largar todos aqueles jogos do ego sem sentidos, e experimentar o mundo novamente pela primeira vez.

6e. Viewpoint by Jake
Estava lendo este FAQ e pensando que grande trabalho ele é. Mas me veio à cabeça que ele somente representa um "estilo" de viagem - o tipo que eu e meus amigos costumamos fazer - que é bem cerebral, espiritual, calma, ou até "saudável", pode-se dizer. É o tipo de abordagem que a maioria neste grupo parece querer também, o tipo de abordagem necessária para para levar as coisas como com o DMT.

Mas isso me fez pensar em outros estilos nos quais estive em contato (e participei), o estilo das pessoas que provavelmente não estão muito interessadas em um grupo de emails, nas dimensões espirituais da viagem, ou sequer na importância de se manter a cabeça de alguém inteira. Estou apenas curioso sobre outras abordagens que as pessoas encontraram. Eu acho que isso vai no mesmo sentido das minhas mensagens anteriores.

Pegue alguns dos meus amigos do segundo grau, por exemplo. A terminologia usada aqui é ficar mal. Quando você toma ácido ou cogumelo você está "doidão", você ficou de cara torta, você está chapando. Psicodélicos são tratados como uma versão mais forte de álcool. E tem a mesma autodestruição do “machão” anexa a isso. Todos vocês sabem disso; o quanto você pode tomar, o quanto você pode arrebentar, quantos/as taças/baseados/baldes/pílulas pode ingerir antes de desmaiar ou vomitar sangue (sim, eu sei de gente que já vomitou sangue tomando baldo de óleo, seja lá por qual razão). Quando falei lá em casa sobre DXM (psicoativo do xarope), vários deles correram, conseguiram 3 caixas cada (mais o THC fumado em grande quantidade) e então morreram algumas vezes. Um cara apenas sentou no seu apartamento por uma semana usando DXM e eventualmente tentou pagar outro amigo meu 20 dólares para que fosse pegar mais xarope pra ele.

Uma noite na vida aqui é cerca de 6-8 doses de um bom LSD, sentado num apartamento escuro e enfumaçado, incapaz de se mover, com Pantera, Machine Head, White Zombie, Fear Factory, Sepultura e outros mestres trash/death no volume máximo. Sem Brian Eno ou batida do mundo na estante de CDs deles, desconfio.

Eles se orgulham de conseguirem segurar a onda juntos. Eles vão tentar assustar uns aos outros, fazer coisas que colocarão suas mentes no limite o máximo possível. Se alguém começar a ficar um pouco irritado eles o levam até o limite.

Atividades divertidas são dirigir rápido em ruas escuras, quebrar telas de TV com os punhos, lutando. Pensar é proibido, claro; a experiência toda é apenas uma dose, uma sensação, um show do tipo caleidoscópico, uma chance de enlouquecer.

Para outros que conheço, umas poucas doses ou poucas gramas significam que é hora de ir pro bar, ou beber um engradado de cerveja. (Sim, uma grade; pros poucos que não sabem, você sequer sente. Bem, imagino que seu fígado sinta).

Talvez esse seja apenas a ponta mais extrema da mentalidade de festa e drogas.

6f. Conselho geral
Outros pontos para se ter em mente:

- O único sinal externamente visível que você está viajando é a pupila dilatada. Coloque óculos escuros quando sair.
- Você já leu o FAQ sobre LSD ou Cogumelos Psilocybe?

6g. Palavras finais de sabedoria
Palavras finais de sabedoria
* Deixe ir, deixe fluir...
* São apenas as drogas,
* Tudo está bem.

7. Para o Guia
Essa sessão é voltada para a pessoa que quer introduzir os amigos no mundo da psicodelia da forma mais agradável possível.

7a. Preâmbulo
Ser guia não é uma tarefa a ser cumprida facilmente. Como guia, seu papel é guiar os outros, pra ter certeza que não sofrerão danos e que tudo está bem. Isso também significa que você deve ser capaz de suprimir seu desejo de se divertir e de controlar as ações alheias para que se acomodem a você. Essa não é uma tarefa fácil.

7b. Requerimentos
Os requerimentos mínimos de um guia bem sucedido são experiência com psicodélicos (não precisa ser enorme, mas alguma, quanto mais melhor) e a habilidade de lidar com o que quer que aconteça. Um bom guia é também capaz de "sair dessa” e interagir com a realidade até no meio de uma viagem pesada, ao invés de entrar em pânico ou se retirar para dentro de si mesmo. Um guia com experiência suficiente pode até se abster de tomar qualquer droga e apenas colocar-se no mesmo estado que os outros viajantes; isso, contudo, é mais fácil de falar do que fazer.

7c. Papel
O bom guia é comumente comparado com um mestre Zen benevolente. Em outras palavras, o papel do guia não é tagarelar sem parar e tentar controlar tudo o que o viajante faz. Ao guia se supõe guiar: ajudar o viajante através dos locais mais difíceis, talvez sugerir atividades, mas acima de tudo, deve saber quando simplesmente se calar e deixar o viajante livre por si mesmo. O guia deve monitorar o viajante, mas sem ser indiscreto. Não pergunte a cada 5 minutos se estão bem, o que só irá deixá-los nervosos. Se eles não estão bem e você estiver prestando atenção, você notará.

Um pequeno esboço do que um guia deve fazer:
  • A fase de começo da viagem é a mais importante, uma vez que ela normalmente determina como o pico será. Durante esse estágio, faça o melhor pra ter certeza de que o viajante está se erguendo bem. Ambas partes serão capazes de se comunicar pelo menos no começo, então verifique o viajante regularmente.
  • Quando o pico da onda chegar, estará mais ou menos claro como o viajante está indo. Se está bem, sem problemas, apenas fique na sua mantendo um olhar discreto no viajante e fazendo coisas mundanas como mudar CDs ou o que for necessário. Se o viajante não estiver indo bem, veja a próxima seção.
  • Eventualmente, o pico irá acabar e o viajante provavelmente vai começar a vagar ou brincar com os acessórios de viagem que você trouxe (você realmente trouxe alguns, não trouxe?). Entre na diversão! Estar em volta de alguém viajando irá lhe induzir ao mesmo estado mental também.
Tenha certeza absoluta que o(a) viajante entende de antemão que você está ali apenas para ajudá-lo(a), e que não importa o que perguntarem, não irão lhe incomodar e você estará grato em ajudar. Encoraje-os a se comunicarem durante a viagem, especialmente se as coisas estão indo mal ou se não gostarem de algo. Isso é fácil de dizer, mas difícil de se por em prática.

7d. Lidando com situações difíceis
Pessoas reagem de formas diferentes ao desprazer, mas a forma mais comum de reação é ficar em posição fetal e parecer em dor. (Mas, muitas pessoas ficam em estado fetal quando se sentem muito bem… então verifique a expressão facial antes de intervir e discuta isso de antemão com os viajantes). Se o viajante não está num bom momento, mude a música para algo feliz e familiar, mude a localização ou saia para uma caminhada (com o viajante, claro). Se estão assustados, tente segurar as mãos e tranquilizá-los de que tudo está bem. Se eles expressarem medo (“Isso nunca vai parar? Estou enlouquecendo? Estou morrendo?”), combata especificamente aquele medo, lembrando-os de que estão sob efeito de drogas, que a viagem vai acabar e que você cuidará para que nada de ruim aconteça. Se eles estão tristes, um abraço será bem útil na maioria das vezes. Isso é senso comum amplo, mas se lembre de que não deve ter medo de intervir se houver necessidade. Constantemente, os sentimentos negativos vão “paralisar” o viajante e eles não serão capaz de fazer nada - nem mesmo dizer que a viagem está indo mal - então a iniciativa é do guia.

Pra qualquer tipo de bad trip, é importante enfatizar ao viajante que o medo é causado pelo ego tentando se manter unido, e que o único remédio é deixar rolar. Resistência não é apenas inútil mas também contraprodutiva. Apesar de ter certeza de que Winston Churchill não disse isso nesse sentido, a única coisa que o viajante com um guia deve temer é o medo em si mesmo.

Se isso não parecer funcionar - e talvez não funcione - a outra ferramente no arsenal do guia é mudar o cenário (setting). Sim, estou me repetindo, mas isso é importante. O viajante com frequência resistirá à ideia de mudar de lugar, mas se você gentilmente forçá-lo a fazer tal mudança, a melhora pode ser dramática. Tenha em mira contrastes; p.e., se está num lugar fechado, vá pra um aberto e vice-versa, o que fará o viajante apagar as más vibrações anteriores e começar com uma “lousa em branco”.

7f. Resumo de um contribuidor anônimo
Eu realmente não gosto do termo guia. Eu não presumiria guiar ninguém. De fato, tentar ativamente forçar alguém em uma direção é uma armadilha ao guia. O guia perde a oportunidade de aprender com as experiências dos viajantes. Vamos chamar o guia de ajudante.

Essas são as vantagens de se ter um ajudante:
  1. A presença do ajudante torna possível ao viajante encarar o que vier de negativo de forma mais corajosa. A presente reconfortante do ajudante habilita o viajante a ir para experiências difíceis e atravessar pro outro lado. Ao invés de recuar, a pessoa pode realmente explorar a escuridão e derramar um pouco de luz sobre ela e sobre si mesma.
  2. O ajudante pode ajudar com medos de perda da sanidade. Tais medos são normais em face às modificações extremas no sentido de passagem de tempo (“socorro, não acaba!”). O ajudante deve deixá-lo saber em que estágio você está, o quanto demorou até agora, o quanto demorará até acabar. O aspecto útil da experiência de parada do tempo permanece, mas o medo vai embora.
  3. O ajudante pode ajudá-lo a lembrar-se do que você queria explorar durante a viagem. Alguém pode querer explorar uma certa percepção ou tema imporante, e então se distrair totalmente. O ajudante pode lembrá-lo em um momento predeterminado.
  4. A memória pode ficar incompleta depois da experiência. O ajudante pode tomar algumas notas para refrescar a sua memória e capacitá-lo a lembrar da sequência corretamente. Isso pode ser bem fácil de aprender com as suas sessões.
  5. Quando as coisas realmente ficarem ruins, o ajudante pode intervir mudando os cenários (setting). Eles podem mudar a música, dirigir sua atenção a outro lugar, levá-lo a outra sala, etc. Mais tarde, você pode retornar à área do problema quando o envolvimento emocional estiver menor.
O que quase nunca é enfatizado é a fantástica oportunidade ao ajudante. Por ver como as sessões dos outros se desenvolvem, ele(a) pode aprender muito sobre as próprias experiências. Também, não há nada como ver alguém cujos sentidos estão abertos, absorvendo a beleza de coisas simples como uma folha ou uma pedra polida, para lembrá-lo de prestar atenção ao prazer das percepções do dia-a-dia. O ajudante tem uma oportunidade maravilhosa de aprender sobre a mente humana. Pense sobre todos os psicólogos que tiveram essa ferramenta retirada deles na década de 60: eu aposto que muitos deles dariam tudo para continuar com suas pesquisas!

7g. Nota de rodapé
O _The Psychedelic Experience_ fala um pouco sobre esse assunto. Ao invés de citar tudo (que está bem condensado acima, mas não totalmente), nós recomendamos que você pegue uma cópia do livro para um ponto de vista alternativo. Tenha em mente que o livro _The Psychedelic Experience_ é voltado para grupos grandes de 10+ pessoas e seus guias, enquanto nós nos focamos nos grupos mais típicos de 2 a 4 pessoas.

A tempo, algumas pessoas não gostam do _The Psychedelic Experience_ porque acham que fazem do papel do guia muito ativo, e também tem um tom negativo em relação a ele. P.e., “a menos que você faça X, Y e Z, você irá apodrecer num inferno psicodélico”. Pessoalmente, eu acho que grande parte dos conselhos continua válida, apesar disso.

8. Conclusão
Por favor, apertem seus cintos de segurança, apaguem seus cigarros e apreciem a viagem

(K) Kopyleft Brahman Industries 1995. All rites reversed.